Teste de Literatura CSTAPM

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PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS

TESTE DE LITERATURA

Este teste possui questões selecionadas contemplando as seguintes obras e autores, conforme cobrado no último edital CSTAPM:

Camões – Poesia Épica: episódios de Inês de Castro (III, 118-135) e do Velho do Rastelo (IV, 90-104), de Os Lusíadas;
José de Alencar – O Guarani;
Álvares de Azevedo – Lira dos Vinte Anos;
Eça de Queirós – A Ilustre Casa de Ramires;Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas;
Mário de Andrade – Macunaíma;
Carlos Drummond de Andrade – Alguma Poesia;
Graciliano Ramos – Vidas Secas;
João Guimarães Rosa – Primeiras Estórias;
João Cabral de Melo Neto – Morte e Vida Severina.

1 . Pertencente ao 2º momento romântico brasileiro, o chamado "mal-do-século", ele não teve tempo de se realizar plenamente como poeta, já que morreu muito jovem, com apenas 20 anos de idade. Apesar disso, no seu livro Lira dos Vinte Anos estão alguns dos melhores momentos da poesia brasileira.
A afirmativa feita acima diz respeito a:

2 . "Então passou-se sobre este vasto deserto d'água e céu uma cena estupenda, heróica, sobre-humana; um espetáculo grandioso, uma sublime loucura.

Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das árvores já cobertas d'água, e com esforço desesperado cingindo o tronco da palmeira nos seus braços hirtos, abalou-os até as raízes."

O texto acima exemplifica uma característica romântica de José de Alencar, que é a:

3 . (UFRS) Considere as afirmações abaixo sobre o Romantismo no Brasil.

I - A primeira geração de poetas românticos no Brasil caracterizou-se pela ênfase no sentimento nacionalista, tematizando o índio, a natureza e o amor à pátria.

II - Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela, representantes da segunda geração da poesia romântica, expressam, sobretudo, um forte intimismo.

III - A poesia de Castro Alves, cronologicamente inserida na terceira geração romântica, apresenta importantes ligações com a estética barroca, pela religiosidade e o tom místico da maioria dos poemas.
Quais estão corretas?

4 . Considere as seguintes afirmações:

I - Pode-se afirmar que o Romantismo brasileiro foi a manifestação artística que mais bem expressou o sentimento nacionalista desenvolvido com a independência do país.

II - Os romancistas românticos, preocupados com a formação de uma literatura que expressasse a cor local, criaram romances considerados regionais, mais pela temática do que pela linguagem.

III - A tendência indianista do Romantismo brasileiro tinha por objetivo a desmistificação do papel do índio na história do Brasil desde a colonização.
Quais estão corretas?

5. (PUCCAMP-SP) Um juízo crítico que define o estilo de umas das linhas mestras da poesia de Castro Alves é:

6. Sobre José de Alencar, é correto afirmar-se que:

7. Costuma-se dizer que as obras inauguradas do Romantismo em Portugal e no Brasil foram, respectivamente:

8.
"Já de morte o palor me cobre o rosto
Nos lábios meus o alento desfalece.
Surda agonia o coração fenece
E devora meu ser mortal desgosto!
do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!"

A relação mórbida com a morte demonstra que parte da poesia de Álvares de Azevedo prende-se ao:

9.
"sou como a pomba e como as vozes dela
É triste o meu cantar;
– Flor dos trópicos – cá na Europa fria
Eu definho corando noite e dia
Saudades do meu lar."

A estrofe acima salienta uma das linhas da reduzida temática da poesia de Casimiro de Abreu que é a:

10. Sobre o movimento romântico brasileiro, é incorreto afirmar que:

11. A afirmação: "Enquanto, na Europa, os escritores voltavam-se para os tempos da Idade Média, valorizando os heróis que ajudaram a libertar e construir suas nações, no Brasil desenvolveu-se o Indianismo", que é uma das formas significativas assumidas pelo:

12.
"É bela a noite, quando grave estende
Sobre a terra dormente o negro manto
De brilhantes estrelas recamado;
Mas nessa escuridão, nesse silêncio
Que ele consigo traz, há um quê de horrível
Que espanta e desespera e geme n'alma;
Um quê de triste que nos lembra a morte!"

Os versos acima:

13.
"Já de morte o palor me cobre o rosto
Nos lábios meus o alento desfalece.
Surda agonia o coração fenece
E devora meu ser mortal desgosto!"

Neste fragmento, pertencente a um poema de Álvares de Azevedo, notam-se as características de qual tendência romântica?

14.
Suspiros poéticos e saudades, Memórias póstumas de Brás Cubas, O mulato são, respectivamente, obras que marcam, no Brasil, a introdução dos seguintes movimentos literários:

15. Assinale a opção que melhor preencha a lacuna existente no seguinte texto:

"Segundo a interpretação de Karl Mannehim, o ..... expressa os sentimentos dos descontentes com as novas estruturas: a nobreza, que já caiu, e a pequena burguesia que ainda não subiu: de onde, as atitudes saudosistas ou reivindicatórias que pontuam todo o movimento."

16.
"Podemos gostar de Castro Alves ou Gonçalves Dias, poetas superiores a ele; mas a ele só nos é dado amar ou repelir. Sentiu e concebeu demais, escreveu em tumulto, sem exercer devidamente o senso crítico, que possuía não obstante mais vivo do que qualquer poeta romântico, excetuado Gonçalves Dias. Mareiam a sua obra poemas sem relevo nem músculo, versalhada que escorre desprovida de necessidade artística. O que resta, porém, basta não só para lhe dar categoria, mas, ainda, revelar a personalidade mais rica da geração."

(Antonio Candido, Formação da literatura brasileira)

Com relação a gostar e amar ou repelir, podemos depreender que:

17.
"Podemos gostar de Castro Alves ou Gonçalves Dias, poetas superiores a ele; mas a ele só nos é dado amar ou repelir. Sentiu e concebeu demais, escreveu em tumulto, sem exercer devidamente o senso crítico, que possuía não obstante mais vivo do que qualquer poeta romântico, excetuado Gonçalves Dias. Mareiam a sua obra poemas sem relevo nem músculo, versalhada que escorre desprovida de necessidade artística. O que resta, porém, basta não só para lhe dar categoria, mas, ainda, revelar a personalidade mais rica da geração."

(Antonio Candido, Formação da literatura brasileira)

Assinale a expressão que melhor denota o juízo pejorativo de Antonio Candido acerca de boa parte da poesia do autor não nomeado.

18.
"Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!..."

(Castro Alves)

Aponte a alternativa incorreta sobre o texto.

19. Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram que, no Brasil, a poesia romântica:

20 . Assim, o amor se transformava tão completamente nessas organizações*, que apresentava três sentimentos bem distintos: um era uma loucura, o outro uma paixão, o último uma religião.
............ desejava; ............. amava; .............. adorava (*organizações = personalidades)

Neste excerto de O Guarani, o narrador caracteriza os diferentes tipos de amor que três personagens masculinas sentem por Ceci. Mantida a seqüência, os trechos pontilhados serão preenchidos corretamente com os nomes de:

21. Leia o fragmento da obra O Guarani, de José de Alencar para responder ao teste.

"De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.
É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em vasto leito. Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde, então, a beleza selvática; suas ondas resvalam sobre elas: escravo submisso, sofre o látego do senhor."

Considere as afirmações abaixo e assinale alternativa correta:

I. O texto é predominantemente descritivo e carregado de recursos de linguagem poética. Um exemplo é a prosopopeia "curva-se humildemente aos pés do suserano".
II. O narrador mostra a relação entre os rios Paraíba e Paquequer a partir de uma analogia com o mundo feudal, na qual o primeiro surge como "rei das águas" e o segundo, como "vassalo".
III. No modo de qualificar a paisagem, há uma forte conotação de hierarquia.

22. Em O Guarani, o autor procura valorizar as origens do povo brasileiro e transformar certos personagens em heróis, com traços do caráter do “bom selvagem”: pureza, valentia e brio. Essa tendência é típica do:

23. A oposição Natureza / Cultura é o eixo mais importante de sustentação da narrativa e de caracterização de personagens de O guarani, de José de Alencar. A partir dessa oposição, podem-se determinar várias relações antitéticas, de acordo com o ponto de observação adotado.
Assinale a alternativa em que essa oposição não se expressa:

24. Ao final da narrativa, Ceci decide permanecer na selva com Peri: "— Peri não pode viver junto de sua irmã na cidade dos brancos, sua irmã fica com ele no deserto, no meio da floresta." A decisão de Ceci traduz:

25.
Ossian o bardo é triste como a sombra
Que seus cantos povoa. O Lamartine
É monótono e belo como a noite,
Como a lua no mar e o som das ondas...
Mas pranteia uma eterna monodia,
Tem na lira do gênio uma só corda;
Fibra de amor e Deus que um sopro agita:
Se desmaia de amor a Deus se volta,
Se pranteia por Deus de amor suspira.
Basta de Shakespeare. Vem tu agora,
Fantástico alemão, poeta ardente
Que ilumina o clarão das gotas pálidas
Do nobre Johannisberg! Nos teus romances
Meu coração deleita-se... Contudo,
Parece-me que vou perdendo o gosto.
(...)(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos)

Considerando-se este excerto no contexto do poema a que pertence (Idéias íntimas), é correto afirmar que, nele,

26.
Oh! ter vinte anos sem gozar de leve
A ventura de uma alma de donzela!
E sem na vida ter sentido nunca
Na suave atração de um róseo corpo
Meus olhos turvos se fechar de gozo!
Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas
Passam tantas visões sobre meu peito!
Palor de febre meu semblante cobre,
Bate meu coração com tanto fogo!
Um doce nome os lábios meus suspiram,
Um nome de mulher... e vejo lânguida
No véu suave de amorosas sombras
Seminua, abatida, a mão no seio,
Perfumada visão romper a nuvem,
Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebras
O alento fresco e leve como a vida
Passar delicioso... Que delírios!
Acordo palpitante... inda a procuro;
Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimas
Banham meus olhos, e suspiro e gemo...
Imploro uma ilusão... tudo é silêncio!
Só o leito deserto, a sala muda!
Amorosa visão, mulher dos sonhos,
Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto!
Nunca virás iluminar meu peito
Com um raio de luz desses teus olhos?

Os versos acima integram a obra Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo. Da leitura deles podemos depreender que o poema:

27. O fragmento do poema abaixo pertence à segunda parte da obra Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo. Leia-o, analise as afirmativas que o seguem e assinale a alternativa correta.

É ela! É ela! É ela! É ela!
É ela! É ela! – murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou – é ela!
Eu a vi — minha fada aérea e pura –
A minha lavadeira na janela!
[...]
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!
[...]
Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...
Oh! Decerto... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores;
São versos dela... que amanhã decerto
Ela me enviará cheios de flores...
[...]
É ela! é ela! – repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! Meu Deus! era um rol de roupa suja!

28.
Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono. (Álvares de Azevedo, “Luar de verão”, Lira dos vinte anos)

Neste excerto, o eu-lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu-lírico manifesta a:

29. Leia com atenção o seguinte texto:

Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando
Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei, chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. Porto Alegre: L& PM, 1998. p.190-191)

Agora assinale a alternativa incorreta.

30. Em A ilustre Casa de Ramires, a novela histórica escrita por Gonçalo apresenta traços dominantes de um tipo de narrativa e de um estilo praticados principalmente durante o

31.
Óbito do autor
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.)

Assinale a afirmativa que não corresponde ao texto de Machado de Assis.

32.
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: a diferença radical entre este livro e o Pentateuco."

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas).

No fragmento, o autor afirma que:

33. Os modernistas trouxeram para a Literatura uma nova concepção de linguagem, desvinculando-se da estética parnasiana e apresentando ao público e à crítica inovações formais que denotavam um interesse pela experimentação. Em Macunaíma, Mário de Andrade apresenta o que chamou de língua brasileira, uma mistura do português com as variações encontradas nos diversos falares do povo brasileiro, além de influências estrangeiras e alterações advindas da criatividade popular. Tal afirmação pode ser confirmada nos seguintes trechos da obra de Mário de Andrade:

I. “ No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. [...]”.

II. “[...] Ele dava risadas chatas, se espremendo de cócegas e gostando muito. Quando elas paravam pedia mais estorcendo já de antegozo. Vei pôs reparo na senvergonhice do herói, teve raiva. [...]”

III. “[…] O corpo dele relumeava de ouro cinzando nos cristaizinhos do sal e por causa do cheiro da maresia, por causa do remo pachorrento de Vei, e com a barriga assim mexemexendo com cosquinhas de mulher. [...]”.

IV. “[...] No outro dia Macunaíma não achou mais graça na capital da República. Trocou a pedra Vató por um retrato no jornal e voltou pra taba do igarapé Tietê. [...]”.

34. A presença da temática indígena em Macunaíma, de Mário de Andrade, tanto participa _________________, quanto representa uma retomada, com novos sentidos, _________________.

Mantida a sequência, os trechos pontilhados serão preenchidos corretamente por:

35. Pode-se afirmar que Mário de Andrade filiou-se à seguinte corrente literária:

36. Assinale a alternativa correta:

37. O capítulo “Carta pras icamiabas” difere-se dos demais capítulos por:

38. Refere-se corretamente a Alguma Poesia, de Drummond, a seguinte afirmação:

39. O poema que segue faz parte do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia, publicado em 1930, e tem como título "Cidadezinha qualquer".
Leia o poema e assinale a alternativa correta:
Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

40. Pode-se dizer que os poemas de Alguma Poesia filiam-se às propostas estéticas da primeira geração modernista porque:

41. Leia o trecho para responder ao teste.

"Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos." (Vidas secas, Graciliano Ramos)

Assinale a alternativa incorreta:

42. Um escritor classificou Vidas secas como “romance desmontável”, tendo em vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e sequências parcialmente truncadas.
Essas características da composição do livro:

43. O fragmento textual que segue, retirado da narrativa A terceira margem do rio, de João Guimarães Rosa, servirá de base para esta questão.
Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e o rio-rio-rio — o rio — pondo perpé tuo [grifo nosso]. Eu sofria já o começo da velhice — esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais.
De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranqüilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando idéia.
ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.

No quadro do Modernismo literário no Brasil, a obra de Guimarães Rosa destaca-se pela inventividade da criação estética.
Considerando-se o fragmento em análise, essa inventividade da narrativa roseana pode ser constatada através do(a):

44. A questão a seguir refere-se à passagem transcrita do conto “Famigerado” (Primeiras Estórias, 1962), de João Guimarães Rosa (1908-1967)
[...] Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz- megerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?
Disse, de golpe, trazia entre dentes aquela frase. Soara com riso seco. Mas, o gesto, que se seguiu, imperava-se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada. Detinha minha resposta, não queria que eu a desse de imediato. E já aí outro susto vertiginoso suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-me a palavra de ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo para exigir-me, rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?
- “Saiba vosmecê que saí ind’hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas, expresso direto pra mor de lhe preguntar a pregunta, pelo claro...”
Se sério, se era. Transiu-se-me.
“Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem tem o legítimo – o livro que aprende as palavras... É gente pra informação torta, por se fingirem de menos ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres não me dou: eles logo engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale, no pau da peroba, no aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?
Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:
Famigerado?
“Sim senhor...” – e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva, sua voz fora de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo – apertava-me. Tinha eu que descobrir a cara. – Famigerado? Habitei preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro ínterim, em indúcias. Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio:
“Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra testemunho...”
Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.
Famigerado é inóxio, é “célebre”, “notório”, “notável”...
“Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?”
Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos...
“Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-semana?”
Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, respeito...
Vosmecê agarante, pra a paz das mães, mão na Escritura?”
Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:
Olhe: eu, como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era ser famigerado – bem famigerado, o mais que pudesse!...
“Ah, bem!...” – soltou, exultante.
(ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. 14. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 15-16.)

Assinale a alternativa em que os termos substituem, respectivamente, os neologismos “se famanasse” e “verivérbio”, sem alterar o sentido das frases no texto transcrito.

Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso ... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.
(Álvares de Azevedo, “Luar de verão”, Lira dos vinte anos)

Nesse excerto, o eu lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio.
Essa atitude do eu lírico manifesta a:

Sobre o livro "A Hora da Estrela", escrito por Clarice Lispector, publicado em 1977. Assinale a alternativa que apresenta uma informação incorreta.

Sobre o livro "A Hora da Estrela", escrito por Clarice Lispector, publicado em 1977.

Leia as assertivas abaixo:

I - Macabéa trabalha como datilógrafa e vive uma vida sem atrativos, sendo ignorada pelas pessoas à sua volta, inclusive por seus colegas de trabalho e seu namorado, Olímpico.

II - O livro aborda questões sociais, como a pobreza, a desigualdade e a condição da mulher na sociedade brasileira da época.

III - A narrativa explora a dualidade entre o ser humano comum e o escritor, revelando como a arte pode ser uma forma de escape e expressão pessoal.

IV - A presença da "hora da estrela" no título e na história sugere um momento de transcendência ou de revelação na vida de Macabéa, pois ela vive em mundo encantado.

Estão corretas as assertivas:

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