Notícias

A Revolta do Vintém

Revolta do Vintém

Cerca de 4.000 pessoas foram surpreendidas com 600 soldados avançando para as barricadas populares, levantadas com os paralelepípedos das calçadas. Tiros foram disparados.

Você já ouviu falar na Revolta do Vintém?
Pois é, vamos conhecer esse acontecimento histórico que foi uma série de manifestações que ocorreram entre 28 de dezembro de 1879 e 4 de janeiro de 1880 contra o aumento das passagens de bonde no Rio de Janeiro.

A coroa tentava conter seu déficit e aplicava o imposto que consistia na cobrança de um vintém (ou 20 reis) sobre o valor dos bilhetes do transporte público.

Logo após o anúncio do aumento começaram as manifestações e elas foram estimuladas especialmente pelos republicanos. Além de questionar a taxação que aumentava em 10% o valor do bilhete do bonde, a população queria manifestar o seu descontentamento com os altos níveis de desemprego, falta de moradia e as baixas condições sanitárias.

No dia 28 de dezembro de 1879, um grupo de manifestantes se reuniu no Campo de São Cristóvão, em frente ao palácio imperial, porém foi impedido pela polícia de entregar um manifesto contra o imposto sobre as passagens de bonde ao imperador Dom Pedro 2º.
Conforme explicam os historiadores, aproximadamente de 5.000 pessoas, lideradas pelo jornalista e parlamentar Lopes Trovão.

Quando entrou em vigor o imposto, no dia 1ª de janeiro de 1880, a população se reuniu por volta do meio dia no chafariz do largo do Paço, no centro do Rio, de onde os grupos partiram e iniciaram uma série de depredações e confrontos com a polícia.

“Em sinal de protesto contra a cobrança do vintém, os manifestantes tomavam os bondes, espancavam os condutores, esfaqueavam os animais usados como força de tração, despedaçavam os carros, retiravam os trilhos e, com eles, arrancavam as calçadas. Em seguida, utilizando os destroços construíam barricadas e passavam a responder à intimidação da polícia com insultos, pedradas, garrafadas e até com tiros de revólver”, afirma o professor Ronaldo Pereira de Jesus, professor da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), no artigo “A Revolta do Vintém e a crise da Monarquia”.

Nesse dia, as ruas só foram liberadas para a população em geral, após às 21h. “O auge do motim se deu na rua Uruguaiana, onde a força policial se uniu ao Exército, e confrontaram-se povo e militares. Foi detonada a violência. (…) Cerca de 4.000 pessoas foram surpreendidas com 600 soldados avançando para as barricadas populares, levantadas com os paralelepípedos das calçadas. Tiros foram disparados. Houve três mortes e vinte feridos. A cidade do Rio de Janeiro viveu doze horas de terror”, diz Neusa Fernandes, que é conselheira do IHGRJ (Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro), em seu artigo “A Revolta do Vintém”.

Mais tumultos
Nos dias seguintes manifestantes arrancaram trilhos, furtaram chaves de bondes e fecharam ruas. Houve saque de armazéns e mais confrontos com a polícia.
Após as manifestações, a cobrança do imposto foi revogada e os principais integrantes do governo ligados de alguma forma aos episódios foram substituídos.
O professor da UFJF, explica que a Revolta do Vintém marca, entre outras coisas, uma sensação generalizada de que o regime imperial não abria espaço para uma manifestação popular e “não fornecia canais de participação legítima”. A revolta marcou a impopularidade do regime e o desgaste da imagem de dom Pedro 2º.
Diferentes setores da população desafiaram o imperador, a polícia e inauguraram um novo estilo político no Rio de Janeiro. “A passeata de protesto firmou-se como uma nova arma de luta”, diz Fernandes.

Este conteúdo é restrito para assinantes.
Se você já é assinante basta fazer login.
Se você ainda não é assinante, clique em "Assinar" no menu principal.
O valor da assinatura varia de acordo com o plano escolhido. Você poderá cancelar a qualquer momento.
Qualquer dúvida pode ser esclarecida por WhatsApp (14) 9 9760-4789

Login de Usuários