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ONU diz que mudanças climáticas ameaçam a segurança mundial

ONU diz que mudanças climáticas ameaçam a segurança mundial

“Quando se supõe que faremos algo se não agimos agora?

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico

Nesta terça-feira (23), a maioria dos países do Conselho de Segurança da ONU alertaram para as consequências das mudanças climáticas na paz internacional.

O alerta foi dado durante uma reunião virtual de dirigentes, com base na oposição taxativa da Rússia, os russos consideram esta questão apenas uma “distração”.

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico disse “As mudanças climáticas são uma ameaça para a nossa segurança coletiva”.

“Sei que há alguns no mundo que pensam que se tratam apenas de coisas verdes de um monte de comedores de tofu que abraçam árvores, que não são pertinentes à diplomacia e à política internacional”, explicou.

Boris Johnson questionou “Quando se supõe que faremos algo se não agimos agora? (…) Quando massas de gente que foge da seca, dos incêndios ou dos conflitos para ter acesso a recursos chegarem às nossas fronteiras?”.

E acrescenta “Queiram ou não, é uma questão de ‘quando’ e não de ‘se’ seus países e seus povos deverão enfrentar as consequências das mudanças climáticas sobre a segurança”.

Logo após discursar, o primeiro-ministro britânico deixou a sessão.

Também participaram o secretário-geral da ONU, António Guterres, o enviado americano para as mudanças climáticas, John Kerry, os presidentes francês, Emmanuel Macron, o tunisiano, Kais Saied, e o queniano, Uhuru Kenyatta.

Guterres buscou tornar tangível o problema climático “No Afeganistão, por exemplo, onde 40% dos trabalhadores estão relacionados com a agricultura, as colheiras reduzidas jogam as pessoas na pobreza e na insegurança alimentar, tornando-as suscetíveis de serem recrutadas por grupos armados”, disse.

Para Macron “O vínculo entre clima e segurança, embora seja complexo, é inegável. Entre os vinte países mais afetados por conflitos no mundo, doze fazem parte também dos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas”.

Quênia e Níger, membros não permanentes do Conselho, apoiaram a inclusão do tema nas discussões diplomáticas das Nações Unidas.

Índia e México, concordaram.

O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas disse “É momento de reapresentar um texto forte sobre a mesa e adotá-lo”.

“Indiscutivelmente, a crise climática é um assunto para o Conselho de Segurança. Nenhum país pode regular esta crise sozinho, é precisamente para este tipo de problema que as Nações Unidas foram criadas”, afirmou Kerry.

Apesar de os Estados Unidos, devido novo presidente, Joe Biden, acabarem de retornar formalmente ao acordo de Paris de 2015, que busca limitar o aquecimento global, terem mudado de posição, Rússia e China não o fizeram.

O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, questiona a ideia de que os problemas climáticos estejam na “raiz” dos conflitos. Para ele apoiar isso é uma “distração” que afasta as “causas verdadeiras”.

“Impor uma conexão assim de forma sistemática seria perigoso”, afirma.

A Rússia “compartilha a ideia de que falta produzir uma resposta rápida à mudança climática, mas isso deve ser feito no âmbito de mecanismos onde é tratada por profissionais”, disse, acreditando em uma abordagem regional e não “global”.

Para China o “desenvolvimento sustentável era a chave para resolver todos os problemas e eliminar a causa dos conflitos”.

Xie Zhenhua, enviado especial de Pequim sobre o clima disse “a cooperação internacional sobre o clima deve ser tratada no âmbito da Convenção Internacional da ONU sobre o clima, como via principal”.

O naturalista britânico David Attenborough, que tem 94 anos de idade, disse “A mudança de que precisamos é imensa (…), mas já temos muitas das tecnologias de que necessitamos”.

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