Operação “Fake university”
Operação “Fake university”
Governo americano criou universidade falsa para atrair e deportar estudantes estrangeiros
Agentes do serviço secreto americano criaram a Universidade de Farmington, uma instituição falsa com o objetivo de servir de isca para atrair estrangeiros que haviam entrado no país com visto de estudantes e que permaneciam de modo ilegal.
Uma instituição nova, rigorosa, seletiva, porém, global, assim se apresentava a Universidade de Farmington ao seu público-alvo.
Utilizando-se de redes sociais de modo intenso, possuía site institucional onde afirmava que o objetivo era “proporcionar a estudantes de todo o mundo uma experiência educacional única”.
A “instituição” possuía logomarca e seu slogan era “Scientia et Labor” (Ciência e Trabalho). Oferecia programas acadêmicos com todas as certificações e autorizações mais importantes.
A Universidade de Farmington possuía o aval do Departamento de Assuntos Regulatórios e de Licenciamento de Michigan e da Comissão de Credenciamento de Escolas e Faculdades Profissionais. O Programa de Intercâmbio de Estudantes também a avalizou para receber estudantes estrangeiros.
Nada levantava suspeitas, apesar da ausência de salas de aula, professores contratados ou aulas ministradas.
Apesar da aparente normalidade da “instituição”, na verdade a Universidade de Farmington foi criada por agentes secretos em uma operação do Serviço de Controle e Imigração Aduaneira dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) com o objetivo de prender e deportar estrangeiros que entraram no país com vistos de estudante e permaneciam de modo ilegal.
O esquema foi revelado em janeiro, 8 pessoas que realizavam o recrutamento na escola, responsáveis por atraírem cerca de 600 estudantes, foram acusadas de conspiração para cometer crimes.
De acordo com a ICE, Aproximadamente 250 estudantes universitários ilegais, na maior parte indianos, foram deportados, muitos outros estão em processo de deportação ou processo em varas de imigração.
Como foi encarada pela sociedade a operação?
A operação do governo americano é considerada controversa, as reações ao método utilizado para “enganar” estrangeiros mostram-se, na maior parte das vezes, negativas.
Elizabeth Warren disse no Twitter “Foi cruel e atroz. Esses estudantes apenas sonharam em obter uma educação superior de alta qualidade que os Estados Unidos poderiam oferecer. A ICE os enganou só para deportá-los”, vale lembrar que Elizabeth é senadora e disputa o posto de candidata democrata na eleição presidencial de 2020.
Alexandria Ocasio-Cortez, congressista democrata, disse “contratos corruptos ou encarceramento em massa” criticando que dinheiro público tenha sido para aprisionar e deportar estudantes.
O governo da Índia, país com o maior número de cidadãos entre os presos e deportados na operação, publicou um comunicado onde pedindo a libertação imediata dos estudantes.
De acordo com a ICE, as ações são justificáveis uma vez que serviram aos agentes como “evidência de fraude em primeira mão”.
“As escolas secretas oferecem uma perspectiva única para entender as maneiras pelas quais estudantes e recrutadores tentam explorar o sistema de vistos de estudantes”, disse a agência federal.
Operação como esta já havia ocorrido?
Em 2016 foi encerrado um programa falso semelhante ao da “Universidade de Farmington”, tratava-se da fictícia Universidade do Norte de Nova Jersey.
Após finalizar, a operação resultou em mais de mil estudantes da escola obrigados a comparecer perante os tribunais de imigração, com penas que variavam da possível deportação à proibição vitalícia de entrar nos Estados Unidos.
Segundo as autoridades os estudantes estavam “totalmente conscientes” de que se tratava de escola falsa.