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Crise que a Venezuela, O país passa por uma crise profunda.

Você já deve ter ouvido falar na crise que a Venezuela atravessa. A mídia brasileira costuma abordar o assunto com certa constância, é por isso também que devemos ficar atentos, assuntos que “estão na mídia” costuma estar na prova.

O país passa por uma crise profunda. A crise é econômica e humanitária.

O fato ocorrido em janeiro de 2019 trouxe um novo tema aos debates: o país passou a ter dois presidentes reconhecidos internacionalmente.

A CRISE DA VENEZUELA

A Venezuela passa por problema internos a muito tempo, esses problemas têm afetado a forma como o país é visto no exterior. Vamos analisar as diferentes faces e características da crise  venezuelana.

Crise econômica

No que se refere ao aspecto econômico, o país esta sofrendo com o fato de ter historicamente uma grande dependência do petróleo. O petróleo é responsável por 96% das exportações venezuelanas, por essa razão a economia do país é vulnerável à variação do preço do barril de petróleo no mercado internacional:

Momentos de alta no preço do barril é seguido de crescimento da economia venezuelana;

Momentos de queda no preço, traz dificuldade econômica ao país.

Outro fato relevante são as sanções econômicas que o país sofre impostas pelos  Estados Unidos, já que o país norte americano é um grande opositor ao governo Maduro, o que torna ainda mais difícil uma recuperação econômica à curto prazo.

Segundo a CELAG (Centro Estratégico Latino Americano de Geopolítica) um prejuízo de 350 bilhões de dólares foi gerado, entre 2013 e 2017, pelo embargo econômico aplicado pelos Estados Unidos. Curiosamente, os Estados Unidos continuam continuam sendo o principal comprador do petróleo venezuelano.

Crise humanitária

O lado mais trágico da crise é o humanitário, milhares de pessoas encontram dificuldade em ter acesso a recursos básicos, como alimentos e remédios, por conta do desabastecimento da alta inflação.

Em 2018 a inflação venezuelana passou por um aumento de 1,3 milhão % (você não leu errado).

De acordo com o que prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI), até o final de 2019 esse número chegará em 10.000.000%.

Em virtude dessa dificuldade muitos venezuelanos deixaram o país e cerca de 3,3 milhões de venezuelanos estão vivendo fora da Venezuela.

Donald Trump intensificou os bloqueios à Venezuela e desde 2017 muitos bloqueios de alimentos e medicamentos têm sido impostos ao país, agravando a situação da população venezuelana.

A instabilidade política

A instabilidade política que a Venezuela enfrenta, desde a morte de Hugo Chávez, em 2013, agrava mais a situação. Maduro ( herdeiro do chavismo ) venceu Henrique Capriles (líder da oposição) na eleição fazendo crescer os embates entre governo e oposição.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), em 2016, declarou a Assembleia Nacional (Parlamento) – cuja maioria é oposição desde 2015 – em “desacato”, devido a pose de deputados que tiveram vitórias contestadas.

Maduro, em 2017, convocou uma Assembléia Nacional Constituinte que elegeu 545 constituintes de apoio ao governo. Em 18 de agosto do mesmo ano, a Assembléia Constituinte lançou um decreto assumindo poderes legislativos. Dessa forma o país passava a ter dois “Parlamentos” em paralelo.

Em 2018 Maduro antecipa maio a eleição que estava marcada para dezembro. Realizada sob protesto e boicote da oposição. Houve alegação de fraudes. Nicolás Maduro é eleito para um novo mandato de 6 anos na Venezuela.

Nova de Maduro

Em 10 de janeiro 2019 Maduro toma posse como presidente da Venezuela, apesar de não ter sido reconhecido pela oposição como presidente eleito. De acordo com a oposição, não houve legitimidade na eleição.

O Grupo de Lima, que foi formado em 2017 para estudar soluções para a crise da Venezuela, publica nota assinada por 13 de seus 14 membros (Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia) – apenas o México foi exceção. Nessa nota, o Grupo não reconheceu a legitimidade da vitória de Maduro em 2018, sugerindo que ele não tome posse e que seja realizada nova eleição democrática. No entanto, a posse aconteceu. Para Maduro, o Grupo de Lima estaria contribuindo para que um Golpe de Estado seja dado na Venezuela.

Paralelamente, a Assembleia Nacional (Parlamento) elege Juan Guaidó como novo presidente.

A autoproclamação

Em dia 23 de janeiro de 2019, Guaidó se declarou presidente interino na Venezuela provocando aumento das tensões crise.

Três artigos constitucionais foram aventados para justificar a autoprocramação de Guaidó, dentre os quais se destaca o artigo 233, que possibilita ao líder do Parlamento a assunção do poder em caso de “falta absoluta” do presidente, para que seja realizada nova nova eleição em até 30 dias.

Maduro também possui reconhecimento fora do país. Por essa razão a Venezuela passa por um momento estranho onde duas pessoas diferentes são reconhecidas internacionalmente como presidente da Venezuela.

Fechamento da fronteira e Ajuda humanitária

Brasil, Estados Unidos e Colômbia se mobilizaram para o envio de ajuda humanitária ao país atendendo a um pedido do autoproclamado presidente Juan Guaidó,  desse modo seriam enviados alimentos e medicamentos para abastecimento da população venezuelana.

Porém, para Maduro, a entrada de ajuda internacional é uma intervenção na Venezuela, motivada pelos interesses imperialistas dos Estados Unidos. Por essa razão, Maduro decretou o fechamento da fronteira com o Brasil, buscando impedir a entrada na Venezuela. A Cruz Vermelha decidiu não fazer parte da ação, pois entende que, por ter os Estados Unidos à frente, a entrada na Venezuela não seria ajuda humanitária.

No fim de semana dos dias 23 e 24 de fevereiro, caminhões carregados com itens de higiene e alimentos tentaram cruzar a fronteira, o que gerou conflitos envolvendo a população pró ajuda humanitária e os que apoiam Maduro.

OS APOIADORES DE AMBOS OS LADOS

É muito importante que você saiba quem está de cada lado, isto é, quem apoia Maduro e quem apoia Guaidó.

Os países do Grupo de Lima (com exceção do México) não enviaram representantes ao evento de posse de Maduro.

Com a autoproclamação do líder do parlamento, Juan Guaidó, como Presidente Interino da Venezuela, novamente foi hora de apoiadores e opositores de Maduro se posicionarem.

Apoiam Guaidó:

Estados Unidos: Opositor do chavismo, foi o primeiro a apoiar Guaidó. Segundo Mike Pompeo, Secretário de Estado dos Estados Unidos, Juan Guaidó é um “líder legítimo que reflete a vontade do povo” e sugerindo a renúncia de Maduro:

“O povo venezuelano já sofreu durante muito tempo a desastrosa ditadura de Nicolás Maduro. Cobramos que Maduro dê um passo para o lado em favor de um líder legítimo que reflete a vontade do povo”

Grupo de Lima: 11 países do grupo – excetuando o México, Guiana e Santa Lúcia – que já haviam declarado que não reconheceriam o governo de Maduro no caso de um novo mandato. Os 11 países reconheceram Guaidó como o presidente do país até que sejam feitas novas eleições.

Mercosul: Todos os membros (com exceção apenas do Uruguai) foram favoráveis ao governo interino do líder do parlamento.

Países Europeus: 6 países da Europa (Alemanha, Espanha, França, Holanda, Portugal e Reino Unido) reconheceram Guaidó como presidente.

Apoiadores de Guaidó inclui os seguintes países:

Albânia, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bahamas, Bélgica, Brasil, Bulgária, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dinamarca, Equador, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Guatemala, Haiti, Holanda, Honduras, Israel, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia do Norte, Malta, Panamá, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Dominicana, República Tcheca, Suécia e Ucrânia.

No outro extremo, Maduro, porém, também recebeu apoios importantes:

Rússia: A Venezuela é um parceiro estratégico. A Rússia fala sobre soberania do Estado venezuelano, posiciona-se contrária à interferência de outros Estados nos assuntos internos da Venezuela. O Ministério das Relações Exteriores russo ainda alerta para a possibilidade da crise da Venezuela ser agravada com a autodeclaração de Guaidó e pede que não haja interferência militar dos Estados Unidos, para evitar um “banho de sangue”.

China: Também é grande aliado da Venezuela, a China apoia a não interferência nos assuntos domésticos e por respeito entre os dois países.

Também apoiam Maduro: Cuba, Irã, Turquia, África do Sul,  Coreia do Norte, Nicarágua e Bolívia.

Não apoiam nenhum dos dois “presidentes”:

União Europeia: A União Europeia solicita novas eleições, respeito aos padrões democráticos aceitos internacionalmente.

Itália e Grécia: fragmentada internamente em seu governo entre os que apoiam Guaidó e os que apoiam Maduro, a Itália mantém-se neutra. Já a Grécia, se coloca contrária à intervenção em assuntos internos de outros países.

México e Uruguai: países que se oferecem como possíveis mediadores na situação, ambos optam pela neutralidade.

O QUE DIZ O BRASIL?

O Presidente da República, Jair Bolsonaro, é declarado opositor ao governo chavista na Venezuela. O Brasil já havia declarado que não reconheceria o governo de Maduro no caso de um novo mandato.

Em nota oficial, o Itamaraty anunciou que:

“O Brasil reconhece o Senhor Juan Guaidó como Presidente Encarregado da Venezuela. O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela.”

O Hamilton Mourão, disse:

“O Brasil não participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir na política interna de outros países”.

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